O envelhecimento da
população brasileira também está movendo o mercado imobiliário. Se já tinham,
em sua grande maioria, opções de lazer para crianças e adolescentes, os novos
condomínios agora trazem facilidades para idosos.
Foi a partir de uma
experiência na Pompeia (zona oeste de São Paulo), em 2008, que a Tecnisa
desenvolveu o projeto para maduros. A intenção era fazer um condomínio para
recém-casados com filhos, mas as vendas revelaram outro tipo de proprietário.
"Vimos que 15%
dos compradores eram pessoas acima de 55 anos. A gente está acompanhando essa
curva do envelhecimento da população, e é bom perceber que não é uma fatia
irrelevante do mercado", diz a gerente de projetos Patrícia Valadares.
Para direcionar a
construção dos novos condomínios, a empresa reuniu geriatras, gerontólogos
(estudiosos da vida idosa) e arquitetos especializados em design universal, que
faz adaptações para garantir o acesso para pessoas com limitações de movimento
em imóveis residenciais e comerciais.
ADAPTAÇÕES
As alterações
acontecem dentro dos apartamentos e nas áreas comuns. A instalação de
interruptores mais baixos e tomadas mais altas para diminuir o esforço para
abaixar e levantar, o uso de maçanetas em forma reta a fim de facilitar a
abertura das portas e a instalação de pisos de mesmo padrão para evitar
desníveis são algumas das mudanças nas casas.
Nos espaços do
condomínio, escadas das piscinas foram construídas em alvenaria e com corrimão,
barras de alumínio identificam vidros dos prédios e até o porcelanato, usado
por diversos lançamentos, foi substituído. "Trocamos por madeira porque a
luz reflete no chão e pode provocar acidentes para quem tem problemas de
visão", diz Valadares.
Com o conceito, foram
lançados dez prédios no bairro do Marapé, em Santos (a 72 km de São Paulo),
conhecida por ser a escolha de muitos aposentados para morar após sair do
trabalho. No total, são 1.627 apartamentos: oito blocos com dois quartos,
previstos para junho de 2012, e outros dois, de três dormitórios, que devem
ficar prontos um ano depois.
Uma das compradoras é
a secretária executiva paulistana Elizabeth Henriques, 59, que se mudará para o
litoral com o marido quando se aposentar, em busca de melhor qualidade de vida.
"Esperamos ter vizinhos de nossa faixa etária ou próxima a ela. Gostamos
de prosa e mais ainda com pessoas da mesma idade."
ACESSO PARA TODOS
Em Suzano e Mogi das
Cruzes (Grande São Paulo), pesquisas de mercado levaram a J. Bianchi a
construir dois prédios com design universal em 2008. Com a venda dos edifícios,
foram lançados outros dois condomínios nessas cidades em 2010. Segundo a
construtora, já foram negociados 70% dos apartamentos.
"Percebemos uma
aceitação maior entre proprietários mais velhos e tivemos até cadeirantes que
escolheram o prédio por causa das mudanças", afirma a gerente de projetos
Juliana Tartaglia.
Além das adaptações
das construtoras para esse público, entidades de assistência a idosos também
começaram a fazer condomínios dedicados a essa faixa etária.
Em São José do Rio
Preto (a 438 km de São Paulo), a Agerip (Associação Geronto-Geriátrica de São
José do Rio Preto) criou um condomínio destinado para maiores de 55 anos. A
entidade oferece o terreno e a ajuda de um engenheiro especializado em casas
para idosos para a construção de chalés, que é pago pelo comprador.
De acordo com a
entidade, um título, que custa R$ 15 mil, dá direito ao usufruto eterno da
casa. A associação afirma que 40 residências já têm moradores, enquanto outras
63 serão construídas.
CUIDADOS NA SUA CASA
Banheiros: a
instalação de barras de apoio nos vasos sanitários e no box facilitam a
locomoção. Para ajudar a abrir as torneiras e o chuveiro, o uso de registros
monocomando ou com pontas, que podem girar para águas quente, morna e fria,
ameniza a abertura do chuveiro.
Maçanetas: os modelos
de alavanca devem ser adotados, pois são mais fáceis de abrir que os redondos
(ou bolinha), que precisam de mais força nas mãos para girar.
Pisos: evite os pisos
brilhantes e que precisam ser encerados. Além do risco de escorregar, a luz
pode refletir no piso e dificultar a visão dos mais velhos. Prefira pisos de
madeira e cerâmicas foscas. Evitar também os ressaltos entre os pisos dos
cômodos.
Portas: prefira as de
correr, pois exigem menos força para abrir. Os espaços de passagem também devem
ser maiores, pelo menos com 80 cm de vão livre, para garantir a entrada e saída
sem problemas com acompanhantes ou aparelhos como cadeira de rodas e andadores.
Interruptores e
Tomadas: os botões devem ser mais baixos que o normal, com, no máximo, 1 metro
de altura, a fim de minimizar o esforço. Pelo mesmo motivo, a tomada deve ser
mais alta. A regra também pode ser aplicada para descargas e registros.
Fonte: Jornal Floripa
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