Um mercado equilibrado é a expressão que
melhor define o comportamento do segmento imobiliário durante
o primeiro semestre de 2013. Esta conclusão é fruto de minha análise baseada
nos estudos que faço do setor de imóveis.
É preciso voltar o nosso olhar ao passado para entender o fundamento deste pensamento e,
assim, fazer esta avaliação. Tivemos um mercado imobiliário estrondoso até
2011, no qual os lançamentos eram zerados antes mesmos de serem lançados de
fato.
Já em 2012, percebemos um empenho das
construtoras/incorporadoras para ‘baixarem’ seus estoques, um movimento
evidente de mudança de estratégia para se ajustarem ao mercado, tendo em vista
que o interesse imediato do comprador diminuiu.
Tais fatos se diferenciam do cenário imobiliário
nestes primeiros seis meses de 2013. Nos deparamos com compradores mais conscientes que
fizeram valer seu poder de compra por meio de uma negociação mais criteriosa.
Os clientes demonstraram mais ponderação na busca do imóvel e,
consequentemente, para o fechamento do negócio.
Já não imperava mais aquele medo ou sensação de que, se a
venda não fosse concluída imediatamente, não haveria mais possibilidade de
realizá-la, seja em função do aumento do preço ou pela indisponibilidade da
unidade desejada, uma vez que a mesma já teria sido adquirida por outro
comprador, dada a velocidade em que as vendas ocorriam nos anos anteriores.
Desta forma, o ecossistema do mercado
(construtor-incorporador/imobiliária/comprador/vendedores), como costumo chamar
este emaranhando que compõe o setor, teve que reunir elementos para melhor
interpretar este cenário e buscar novas formas de se adaptar a este contexto.
Com isso, as empresas e profissionais do setor,
obrigatoriamente, precisaram ser mais assertivos e até mesmo mais criativos em
seus projetos e lançamentos, forçando uma inteligência de mercado que
contribuiu para um equilíbrio natural. Esse movimento foi excelente, pois fez
os principais agentes do mercado imobiliário saírem da sua zona de conforto
para provocar novos comportamentos.
Neste sentido, o primeiro semestre de 2013 foi positivo,
entretanto, calmo. Todavia, vale frisar que esta “calmaria” não significa uma
retração do setor. Ao contrário, revela sinais de um mercado mais forte, mais
cauteloso e com mais planejamento, fatores estes que contribuem para uma maior
segurança para os investidores.
Este panorama ainda é aquecido por um momento propício para a compra. Destaco que as taxas de juros
referentes ao crédito imobiliário se encontram relativamente equilibradas,
levando-se em conta a realidade praticada no Brasil em sua perspectiva
histórica. Além disso, temos em vista diferentes atrativos comerciais por
meio de novas políticas habitacionais voltadas, especialmente, para a classe
alta.
Este processo se consolidará, sobretudo, com o aumento do
limite do FGTS de R$ 500 mil para R$ 700 mil, concessão tão esperada por todo o
ecossistema imobiliário e que deve movimentar ainda mais o mercado. Tal
iniciativa ainda aguarda a sanção da presidente.
Temos também o Programa Minha Casa Minha Vida que vem se firmando como um grande
impulsionador para o mercado. Acrescentam-se, ainda, os números positivos à
nona edição do Feirão da Caixa que movimentou R$ 14 bilhões, resultado que
supera em mais de 13% em relação a 2012. Além disso, nos últimos 12 meses
contabilizados até maio, o crédito imobiliário atingiu mais de R$ 91 bilhões,
14% superior ao mesmo período do ano passado.
Nesta análise do primeiro semestre de 2013, cabe ainda
abrir os nossos olhos para questões preocupantes e que devem nos colocar em
posição de alerta. A inflação vem crescendo, o que gera impacto sobre o poder
de compra dos brasileiros.
As afirmações do Governo Federal dão conta de que a
inflação ficará dentro da meta, mas não podemos “baixar a guarda” e devemos
estar vigilantes para qualquer necessidade de readequação de planejamento no
setor imobiliário.
O crédito imobiliário é outro dado ao qual devemos estar
atentos, sendo um indicador que pode representar uma oportunidade de
crescimento para o setor, uma vez que corresponde a apenas 6% do Produto
Interno Bruto (PIB) – um dos menores percentuais do mundo. É necessário um
empenho maior dos profissionais do setor para a melhoria deste índice.
E é claro, não há como fazer uma análise do mercado
imobiliário sem mencionar a tão falada e temida “Bolha Imobiliária”. Não
acredito que no momento atual tenhamos algum risco. Para que exista a bolha é
necessária uma série de elementos, sobretudo no que diz respeito à liberação
desenfreada de crédito, situação que não condiz com a realidade brasileira, uma
vez que os agentes de crédito são bastante rigorosos na liberação do
financiamento e ainda exigem que seja dado um valor de entrada, o que favorece
uma compra mais consciente.
Outro dado que diminui os riscos de uma bolha no Brasil
está no fato de os compradores pagarem taxas cartoriais, forçando um maior
planejamento da compra do imóvel.
Cabe ainda destacar que os preços dos imóveis estão
estáveis, com uma alta moderada. Não há uma tendência de queda destes valores,
portanto vejo imóveis com preços mais elevados do que em 2012, tendo em vista a
grande demanda e o crescimento dos insumos para a construção civil.
Em uma análise econômica interna, vemos uma população
jovem crescente, o aumento do poder aquisitivo da classe média e um nível de
desemprego baixo. Elementos que abrem portas para novas áreas de
desenvolvimento do mercado imobiliário.
Os índices são favoráveis, agora cabe aos atores do setor
imobiliário brasileiro estarem atentos a eles para interpretá-los e adequá-los
a sua realidade, a fim de construir estratégias que contribuam para resultados
bem sucedidos ao final de 2013.
0 comentários:
Os comentários passam por um sistema de moderação, ou seja, eles são lidos por mim (Alan Henrique) antes de serem publicados. Não serão aprovados os comentários:
- não relacionados ao tema do post;
- com pedidos de parceria (você caro leitor pode fazer esse pedido pela aba COMENTÁRIO que está logo abaixo do cabeçalho);
- com propagandas (spam);
- com link para divulgar seu blog;
- com palavrões ou ofensas a pessoas e situações;
OBS: Se você caro leitor quiser material deste blog para pesquisa ou outra finalidade basta entrar em contato comigo preenchendo o formulário que fica logo abaixo do cabeçalho com a descrição CONTATO, que o mais rápido possível entrarei em contato com você.